A mentira de Monalisa mostra por que devemos nos preocupar com a cobertura enviesada sobre as eleições americanas
Desde ontem não se comenta outra coisa. Monalisa Perrone foi
pega em flagrante tentando plantar mentiras no jornal Hora 1, da Rede Globo.
Veja o vídeo.
Não vamos nos méritos da fala, já que sabemos que é tudo estelionato. Só o que deve ser mais seriamente desconstruído é a parte em que ela fala que “não deram o resultado ainda pois é assim que se faz jornalismo sério”. Mentira. Naquele horário, até veículos extremistas como CNN, Huffington Post, Politico, NBC e The Guardian já haviam anunciado a vitória de Trump. Falar em “cautela” das organizações Globo após terem alimentado seus telespectadores com o chorume desses veículos acima aos 48 do segundo tempo é querer esperar uma virada enquanto o arbitro encosta os lábio no apito. Era só a jornalista metendo o loco.
Quando se fala neste assunto, muitos diminuem o problema.
Diogo Mainardi chegou a gravar um vídeo para O Antagonista sugerindo que não
era necessário cobrar a imprensa que fosse imparcial pois “não era nossa
eleição”. O problema não é esse, caro Diogo. O problema é que a imprensa que
mente de maneira tão descarada como fez Monalisa Perrone (e até o próprio Antagonista)
é a mesma que irá noticiar os fatos sobre o nosso governo. A metralhadora que
fere de morte a reputação do falastrão Donald Trump é um perigo. Ela pode nos
acertar na cabeça quando for conveniente.
Não se trata de defesa de Donald Trump. Quem lê o
Reacionário sabe. Inclusive, no dia anterior foi dito aqui que o agora presidente eleito teria méritos na eventual vitória de Hillary Clinton. Em
partes, por conta de seguidos erros de comunicação que felizmente não foram o
bastante para permitir que os colégios eleitorais mais importantes votassem
naquela nasty woman.
A questão é que hoje Globo, Veja, O Antagonista, O Globo e
etc, estão todos contra Trump. Amanhã, quando um candidato verdadeiramente
liberal ou conservador for competir (não falem em Michel Temer, aquela frase
sobre Thatcher era só uma cenoura para a plateia), essa mesma mídia irá atuar
contra o candidato. A mídia que cobre as eleições americanas é a mesma que noticia os fatos da política doméstica. Até pouco tempo atrás, o padrão com o governo petista era o mesmo padrão das eleições americanas: a fraude era método.
Não faz muito tempo que vimos a imprensa jogando para a
extrema-esquerda. A Globo chegou a ser alvo de representações no TSE por
favorecer Marcelo Freixo, enquanto a Veja foi processada por Marcelo Crivella e
terá que dar direito de resposta mais cedo ou mais tarde (só não o fez antes
pois apresentou recurso da decisão). Essas ações de Globo e Veja foram mais
explícitas, mas nem de longe superam alguns episódios dos governos petistas.
Quando os movimentos Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados online decidiram
promover aquele acampamento na frente do Congresso Nacional, a jornalista
Zileide Silva gravou uma matéria para o Jornal Nacional afirmando que eram os
movimentos que “pediam intervenção militar”, e que haviam sido disparados tiros
no local. Os tiros aconteceram, mas bem longe dali: muito mais acima,
simpatizantes da intervenção militar estavam acampados. Um sujeito com
passagens na polícia e problemas mentais havia ido ao local armado. Zileide
sabia, mas se fez de desentendida. Zileide repetiu a mentira por dois dias seguidos.
Zileide estava naquela selfie com a presidente Dilma Rousseff, um dos momentos
mais infames de nossa história. Foi exatamente essa a postura da imprensa
durante quase todo o processo do impeachment. Só mudou quando Dilma perdeu as
chances de sobrevivência. Relembre o episódio no vídeo.
Observem que Monalisa não se constrange em nenhum momento,
ela mente do começou ao fim. Mente pois não faz jornalismo, faz panfletagem
ideológica. O que chega a ser curioso é que anos atrás a mesma jornalista
protagonizou um episódio muito curioso, quando foi “atropelada” por um
manifestante de extrema-esquerda que, vejam só, acusava a Globo e a Veja de
serem “golpistas”. Foi quando a jornalista Sandra Annenberg cunhou a frase “Que
deselegante”, quando viu um militante de extrema-esquerda invadindo o link e
pisoteando uma militante de extrema-esquerda – esta travestida de jornalista.
Bom, devemos ficar satisfeitos com o correspondente que
diante de tamanho embuste, optou por salvar o pouco de dignidade que resta ao
ofício desmentindo com delicadeza a colega mentirosa. Quando a Monalisa, fica a
reflexão: a moça é um túmulo caiado. Bela e suave por fora. Sociopata e
golpista por dentro.